quarta-feira, 23 de maio de 2012

Que seja doce.



Não tente advinhar as respostas. Não é como um cálculo matemático em uma prova de múltipla escolha. Apenas sinta. Viva! Não existem fórmulas. É um conjunto de fatores afinados em um mesmo tom. E quando essa melodia nos embala numa sintonia perfeita, não existe o tal medo de desafinar no decorrer da música. É uma sensação de plenitude que pulsa nas veias e nos entorpece. 
                               
                                                                               (Ana Carolina Mattos)



"Até onde eu posso, vou deixando o melhor de mim. Se alguém não viu, foi porque não me sentiu com o coração."  (Clarice Lispector)





segunda-feira, 19 de março de 2012

Como quiser chamar...



Se parece ingênuo que eu acredite nas pessoas, que me chamem de tola.
Se parece impossível que eu queira ir onde ninguém conseguiu chegar, que me chamem de pretensiosa.
Se parece precipitado que eu me apaixone no primeiro momento, que me chamem de inconsequente.
Se parece imprudente que eu me arrisque num desafio, que me chamem de imatura.
Se parece inaceitável que eu mude de opinião, que me chamem de incoerente.
Se parece ousado que eu queira o prazer todos os dias, que me chamem de abusada.
Se parece insano que eu continue sonhando, que me chamem de louca.
Só não me chamem de medrosa ou de injusta, porque eu vou à luta com muita garra e muita vontade de acertar.
E foi lutando que eu perdi o medo de ser ridícula, de ser enganada, de ser mal entendida.
Perdi, na verdade, o medo de ser feliz.Não me incomoda se as pessoas me vêem de forma equivocada.O importante mesmo é como eu me vejo...Sem cobrança, sem culpa, sem arrependimento.A gente perde muito tempo tentando agradar aos outros, tentando ser o que 
esperam de nós.
Eu sou o que sou e não peço desculpas por isso.No meu caminho até aqui, posso não ter agradado a todo mundo, mas tomei muito cuidado para não pisar em ninguém.Sendo assim, me chame do que quiser, eu não ligo...Porque eu só atendo mesmo quando chamam pelo meu nome, que eu tenho o maior orgulho de carregar.

terça-feira, 13 de março de 2012

Pensar..

                                                  Quem está agora do teu lado?
                                                  Quem para sempre está?
                                                  Quem para sempre estará?

terça-feira, 6 de março de 2012

Entre tantas razões sem razões...

Daqui a uma hora ele chega. Não deu tempo de consertar o esfolado da minha unha e de esfoliar decentemente os pêlos encravados. Esfolado, esfoliado. Tudo parece música e rima, mas é só porque você chega em uma hora. Tem um carro que passa lá longe, enquanto eu tento abrir os olhos e encarar esse dia em que você chega. Esse carro não sabe, mas foram mil anos abrindo os olhos e ouvindo carros e ouvindo ruas e não ouvindo a sua voz. E agora a sua voz existe e você chega em uma hora. Não estou pronta. Minha barriga dói. Eu tenho vontade de vomitar. Eu não consigo comer de tanto medo do que eu estou sentindo. A hora que ele aparecer no desembarque do aeroporto, com sua cara de homem, com sua voz de homem, eu vou ter vontade de pedir que ele volte de onde veio e espere mais cem anos. Eu vou ter vontade de pedir que fuja, vou ter vontade de sair correndo e me esconder. Como é que se ama com um corpo de vinte e seis anos se por dentro pareço ter cinco anos e estou tremendo, apavorada, pressentindo o estrago que as coisas de verdade podem causar. Por que eu chamo de estrago quando sei que, na verdade, estrago é o que as coisas que não são de verdade causam?!
O amor chega em uma hora e eu ainda não consegui comer, escolher a roupa, arrumar o cabelo, decidir se já posso amar. O amor chega em uma hora e vai quebrar meu gesso, mas eu não decidi se os ossos já estão bons o suficiente. Mas ele vai chegar com trinta e um martelos e eu vou estar esperando, forte e decidida, para receber a porrada. E o ar que vai entrar. E mais dor. E o ar que vai entrar. E quem sabe então alguma felicidade, já que fui corajosa. Quem sabe a felicidade seja a harmonia entre a dor e o ar que entram pelos poros que temos coragem de abrir? E quem sabe só com o martelo o amor seja possível?
Escrevo isso e fico me perguntando. Porque quero tanto e não quero tanto. Porque se acabar morro. Porque se não acabar morro. Porque sempre levo um susto quando te vejo e me pergunto como é que fiquei todos esses anos sem te ver. Porque você me entedia e dai eu desvio o rosto um segundo e já não aguento de saudade. E descubro que não é tédio, mas sim cansaço porque amar é uma maratona no sol e sem água. E ainda assim, é a única sombra e água fresca que existe. Mas e se no primeiro passo eu me quebrar inteira? E se eu forçar e acabar pra sempre sem conseguir andar de novo? Eu tenho medo que você seja um caminhão de luz que me esmague e me cegue na frente de todo mundo. Eu tenho medo de ser um saquinho frágil de bolinhas de gude e de você me abrir. E minhas bolhinhas correrem cada uma para um canto do mundo. E entrarem pelas valetas do universo. E eu nunca mais conseguir me juntar do jeito que sou agora. Eu tenho medo de você abrir o espartilho superficial que aperto todos os dias para me manter ereta, firme e irônica. Minha angústia particular que me faz parecer segura. Eu tenho medo de você melhorar minha vida de um jeito que eu nunca mais possa me ajeitar, confortável, em minhas reclamações. Eu tenho medo da minha cabeça rolar, dos meus braços se desprenderem, do meu estômago sair pelos olhos. Eu tenho medo de deixar de ser filha, de deixar de ser amiga, de deixar de ser menina, de deixar de ser estranha, de deixar de ser sozinha, de deixar de ser triste, de deixar de ser cínica. Eu tenho muito medo de deixar de ser.
Agora é menos de uma hora. Você vai chegar e automaticamente minha agenda de milhares de regras e horários e controles vai desaparecer. E eu vou ficar apavorada porque só o que eu tenho é o contorno mentiroso que eu dou para os meus dias. E você, porque me abraça e me dá outro desenho, é o vilão da minha vida programada. Você é o tufão de oxigênio que invade meu nariz mas, porque estou com tanto medo, mais parece falta de ar. Agora é menos de menos de uma hora. Preciso terminar esse texto. Mas eu tenho medo, sobretudo, de terminar esse texto. Sobre o que eu vou escrever se você for melhor do que esperar por você? (t.b.)

Pelo caminho...




"Até onde posso, vou deixando o melhor de mim. 
Se alguém não viu, foi porque não me sentiu com o coração." (Clarice Lispector)

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Novos ventos...

Eu tenho cada vez mais menos respostas, mas também tenho cada vez mais menos perguntas. Disso eu não duvido: tenho cada vez mais menos certezas. Quanto mais o tempo passa, eu fico menos à vontade para alimentar dores e com muito mais preguiça de sofrer. Quanto mais o tempo passa, menos faço por onde adiantar a morte, mais tento fazer por onde aproximar a vida. 
Coisas que já me importaram à beça já não me importam nem um pouco, enquanto aquilo que essencialmente sempre teve importância me importa, agora, com mais nitidez. Como deve acontecer com outros tantos aprendizes da coragem, às vezes, cansadíssima das lições e do método pedagógico, eu recordo que a covardia, pelo menos na aparência, é bem mais fácil, bem menos trabalhosa, e, claro, bem mais egoísta, eu já estive lá com muito mais frequência. Mas aí, justo neste ponto, costuma acontecer algo bem bonito: também recordo de cada flor que veio à tona só porque tive coragem de cuidar da semente. Só porque não me acovardei, mesmo que tantas vezes com todo medo do mundo.  (Ana Jácomo)